Escrevendo sobre Ezequiel.
Começa mirabolante o livro que toma seu nome. Visão em CinemaScope colorida. Esta é a mãe das técnicas modernas de filmagem, surgida em minha geração.
Ezequiel viu a gloria de Deus, como este escolheu manifestar-se a ele. Sim, porque é da soberania de Deus a escolha do modo como vai, individualmente, manifestar-se.
Por exemplo, o caso de Paulo que, literalmente caiu (se, na verdade foi esse o transporte) do cavalo. Ou como no caso de André e João, cujo xará, denomindo Batista, apontou, num jeito meio grosso: "Eis o Cordeiro de Deus".
Ezequiel, assentado entre os exilados, à margem do rio Quebar, amargava-lhes, entre outras coisas, o ódio expresso no Salmo 137. Um anônimo não teve escrúpulos em registrar tal emoção.
Também, como destacou o pastor Manoel Porto Filho, aquele povo indignava-se com o pedido de seus algozes babilônios que desejavam ouvir-lhes a já internacional e famosa música.
Mas como, diziam, cantar no cativeiro. Especificamente, disse Porto Filho, é o lugar mais próprio de se cantar. Muito provavelmente Ezequiel lhes seguia o mesmo estado de ânimo.
E nós, sentados em meio à nossa própria realidade, exilados nela, também não divisamos muito otimismo. Resta-nos divisar a glória de Deus.
Muito provavelmente, não em CinemaScope. Outro anônimo, o autor de Hebreus, indica que a experiência atual é muito mais próxima da face de Deus. Se assim não divisamos, é por outro tipo de cegueira.
Talvez pela prática equivocada de não olhar para o rosto do outro. Ver, no rosto do outro, expressão da face de Deus. Isaías diz que não devemos nos esconder do nosso semelhante. Para Deus, não há outro modo de olhar, senão cara a cara.
Passeando no jardim, pela viração do dia, buscava olhar o casal cara a cara. Nós, que já enxergamos Deus, em Sua glória, devemos encarar o outro, qualquer outro, cara a cara, refletindo a glória de Deus por nosso rosto.
Paulo a isso se refere, quando diz "somos transformados, de glória em glória, como pelo Senhor, em nós o Espírito".
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