sexta-feira, 29 de julho de 2022

Bom (ou mau) gosto.

   Não fostes vós que escolhestes a mim. Eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça".

    Certos versículos da Bíblia são problemáticos. Esse é um deles. Indica ações de Jesus. Numa primeira aproximação, ele fala de autenticidade. Aliás, todo o capítulo no qual está inserido, fala de autenticidade.

   Porque começa com uma afirmação de Jesus: "Eu sou a videira verdadeira". Bem, poderia ser discutível, caso embarquemos, de carona, na argumentação da teologia liberal, perguntando: "Espera ainda: foi mesmo Jesus que falou isso ou puseram essas palavras em sua boca?

   Bem, mas aqui vamos assumir que foi mesmo Jesus que tenha falado, para chegar lá adiante no tal versículo que, segundo opino, também fala de autenticidade.

   Esse "não fostes vós que escolhestes a mim", dito por Jesus, indica que, na escolha do Mestre, a prioridade é dele. Claro que, no tempo e no espaço, falava aos apóstolos. Mas sem mais delongas exegético-hermeneuto-argumentativas, afirmamos logo que essa escolha se estendeu a nós. Definitiva (ou lamentavelmente) é Jesus quem escolhe.

   Imagina se fôssemos nós a escolher. Ora, faríamos mesmo uma seleção. E provavelmente, eu não escolheria você e você não me escolheria. Por quê? Porque talvez eu não quisesse você no meu grupo e você não me quisesse no seu.

    Nossa convivência seria avessa, os sorrisos um para outro hipócritas e, somente por uma questão de educação, haveria um suportamento sufocante, quase que não respirássemos o mesmo ar, como num afastamento COVID.

  Talvez Jesus não tenha te escolhido, diria eu. Não escolheu foi você, diria você a mim. Porque eu, se fosse ele, não te escolheria, diríamos nós dois. Mas, caso Jesus, em nossa opinião (que, no caso, vale zero, porque a escolha é dele), tenha escolhido a mim e a você, estamos na mesma igreja.

    NÃO, diria eu. Isso mesmo, não, você confirmaria, e nós dois diríamos: na mesma igreja, JAMAIS. Certo. Ainda bem que existem várias e, geograficamente, pelo menos, (bem) distantes. Mas partidários do mesmo evangelho, teríamos de ser. Porque, como diz Paulo, não existe outro.

   Permita-me discordar do Apóstolo: pode até não existir, mas nós, pelo que parece, criamos uma variedade deles. Sim, porque não dá para aceitar que, nesse gosto de escolha duvidosa ou, se preferir, nessa escolha de gosto duvidoso Jesus tenha escolhido você (diria eu, diria você).

   Nós dois, na mesma igreja e no mesmo evangelho, seria uma escolha equivocada. Muito provavelmente, Jesus não escolheria alguém de seu nível e de sua mentalidade, diria eu, diria você. Deve haver alguém (ou alguns) bastante enganado(s) nessa história.

   Vai ver que Jesus se enganou (contigo, eu diria; comigo, diria você).

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