domingo, 4 de junho de 2017

Mal traçadas linhas 42

    Todos somos. Todos somos?

      A polêmica sobre a narrativa do Gênesis termina onde a leitura certa da história se cumpre. E deve ser levada a efeito de modo inteligente e com toda a percepção a que se presta essa introdução de todo o Livro.

     Rasteiro, rasteiro o que a narrativa quer deixar bem claro é que a Bíblia, em sua introdução, quer nos dizer que, em certo sentido ou, se preferimos, no sentido mais estrito e restrito, todos somos Adão e Eva.

    Somos Adão porque a raça homem, em toda a sua macheza, o que mais está acostumado a praticar é não assumir-se diante de Deus, de modo covarde, e ainda pôr a culpa na mulher.

    E somos Eva porque a raça fêmea, por mais que, ainda, seja sincera diante de Deus, só pode mesmo admitir ter sido enganada pela serpente, sugerindo ao homem a mesma parceria, para que fossem juntos arrastados ao mesmo buraco existencial.

    Todos somos Adão e Eva. É isso que a narrativa introdutória da Bíblia quer nos dizer. É por essa ótica que ela nos enxerga. O autor de Deuteronômio, no poema que fecha o livro, em 32:5, diz que agora, nessa condição, somos manchas. Numa versão, diz "corromperam-se contra ele (contra Deus); não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e distorcida é.".

    Mas o Livro aponta uma saída. Paulo Apóstolo apelida Jesus de "segundo Adão". Ele diz que esse homem, Jesus, não enveredou pelo mesmo labirinto, esse sem saída, que sempre vai dar no homem e mulher nus, sem máscara diante de si mesmos, fugindo de Deus e fora do paraíso.

    Jesus, o segundo e definitivo Adão, nunca se escondeu de Deus assim como nunca deixou de ouvir a voz de Deus e sempre a obedeceu. É isso que a Bíblia tem a dizer sobre esse homem.

    "O filho não pode fazer de si mesmo senão unicamente aquilo que vir fazer o Pai". Sem nenhuma hipocrisia, essa palavra se cumpre cabalmente com relação a Jesus.

   E a Bíblia também afirma que Deus se dedica a refazer, regenerar, ou seja re + gerar, gerar de novo, deixar o modelo de barro falido, a carga de Adão e Eva que todos trazemos conosco, para realizar nova criação em Jesus Cristo.

     É de novo Paulo Apóstolo que diz "pois somos feitura dEle", quer dizer, de Deus. Somos, em Jesus Cristo, a partir do batismo em nova matriz, feitura, a palavra grega traduzida quer dizer "poema" de Deus, quer dizer, poema cujo autor é Deus: cada um que se deixa moldar pelas mãos do Criador, é barro novo modelado, a partir de nova matriz que é Jesus.

   Somos todos Adão e Eva. Quantos podem dizer que são Jesus? Quem pode dizer que é modelado pelas mãos de Deus, a partir dessa nova matriz, que é Jesus, como enxergou o profeta Jeremias na casa do oleiro, onde Deus lhe mandou ir, para atinar com o seu trabalho.

   A igreja de Jesus é a casa do oleiro. Quantos somos Jesus, batizados por ele no Espírito Santo, modelados barro novo pelas mãos do Pai, na casa do oleiro?



   

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