quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Amós
                        Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o SENHOR Deus, quem não profetizará?

          O profeta Amós faz uma comparação entre o rugido do leão, seu efeito em seus domínios, na selva, e o alarme que deve resultar do efeito da palavra do Senhor.
          Palavra é veículo de revelação, mas também de ocultação, ou seja, palavra proferida pode revelar ou pode ocultar. Quando uma palavra revela, é verdadeira e, quando oculta, quando esconde, quando encobre, quando é proferida dissimuladamente, para ocultar verdades, é uma palavra mentirosa.
          Por exemplo, um marqueteiro brinca com a verdade, ou seja, a palavra que manipula com arte pretende refinar mentiras, de modo a fazer um efeito maquiado, nebuloso, porém retocado para aparecer como belo e ilusório, mascarando a realidade.
         Outro fator da palavra, relacionado ao efeito que deve proporcionar, é a fidelidade ao seu significado. Uma vez proferida, a palavra deve ser entendida, compreendida com clareza e o efeito exato de seu valor e mensagem deve promover uma atitude prática em quem a ouve, uma reação, um resultado, um posicionamento, denunciando o efeito exato da mensagem.
         A palavra pode ser relevante, e o ouvinte displicente. A palavra pode ser vital, mas não promover o efeito desejado a partir do emissário da mensagem. Por exemplo, em Hebreus 4:2, o texto fala de uma palavra anunciada, denominada ‘boas-novas’, dirigida ao povo nômade de Israel, no deserto, em sua peregrinação após a saída do cativeiro no Egito.
        O versículo ressalta que essa palavra ‘não lhes aproveitou’ e dá a razão por que foi assim: não deram crédito a ela. Simples e, ao mesmo tempo, drástico e trágico, porque essa palavra, essas boas-novas tinham procedência da parte de Deus e foram anunciadas por profetas autorizados, mas não cumpriram, no destinatário, nenhum efeito.
             Amós tem expressões interessantes, nesse começo de seu livro, a respeito dessa mediação, desse tripé (1) palavra de Deus, (2) profeta como mediador e (3) efeito dessa palavra. Em Amós 3:7, afirma que Deus, quando fala ou quando age, sempre leva em conta o homem, isto é, toda ação de Deus é benéfica, abençoadora e nunca despreza o homem, sempre valoriza a pessoa humana.
            O contrário nem sempre é verdadeiro. Muitas vezes, infelizmente, o homem age sem levar Deus em conta. Agindo assim, revela desprezo por Deus e por sua palavra. Nesse mesmo texto acima citado, está escrito que Deus revela a profetas, ou seja, o homem é veículo da palavra autorizada de Deus. Quem fala em nome de Deus é denominado ‘profeta’, que fala a outros homens iguais a ele, transmitindo a palavra de Deus.
           E, assim como o rugido do leão espalha medo na selva, espraia um silêncio respeitoso, sendo claro a toda a animália quem foi que produziu aquele ribombar, a palavra de Deus, para o homem, nem sempre tem esse mesmo efeito. Em muitas ocasiões, infelizmente, a palavra de Deus não mais produz temor e tremor, como diz Paulo aos Filipenses 2:12-13, ou seja, não é obedecida, não é valorizada e nem é, ao menos, ouvida.
          Dois textos se referem a (1) quem é seu veículo e (2) ao efeito da palavra de Deus. O primeiro deles, está em 1 Coríntios 14:1: “Segui o amor e procurai, com selo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis.”
          Nessa recomendação geral aos crentes, Paulo fala de três coisas essenciais: (1) amor, fruto do Espírito; (2) dons espirituais, fundamentais no crescimento do crente e da igreja; (3) profecia, intrinsecamente relacionada às Escrituras, à obediência a ela e à autoridade para falar em nome de Deus, que todo crente deve perseverar em ter.
          E, em segundo lugar, quanto ao efeito da palavra ou ao teste para saber se ela realmente provém de Deus, os textos de 1 Coríntios 14:3 e Efésios 4:29 podem ser considerados uma definição de profecia e dão o controle de qualidade para identificar profecia. Ela deve (1) edificar, exortar e consolar e (2) ser unicamente para a edificação, conforme a necessidade e (3) transmitir graça aos que a ouvem.        
         Vivemos um tempo em que palavras proferidas e ouvidas têm se revelado, em grande conta, falsas, revelando o caráter de quem as profere ou defende sua vigência. Vivemos quase a mesma época revelada em 1 Samuel 3:1b: ‘Naqueles dias, a palavra do SENHOR era mui rara’. Profetas não se têm dedicado às Escrituras, para ouvir Deus falando e para adquirir autoridade para falar em nome dele. 

        É urgente que verdadeiros profetas de Deus falem, com autoridade, em seu nome. Que o leão ruja e o temor de Deus seja experimentado.  O leão continua a rugir. O eco de seu rugido se espalha. É prudente ouvir e temer.

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