Ester Silva relatando idas, em festa de Natal, à casa de minha avó Eunice, quando ainda residia na Av Rio Branco, em Nilópolis, RJ. Havia muita gente, ela descreve. A Escola Dominical em peso. Eram distribuídas pequenas lembranças a quem estava por lá. Era muito bom, ela assinala. Meu avô Baldomero vibrava com toda a atividade. O pastor desse tempo era o Giolito. Dorcas assinala que, pela ordem, eram: Manoel Martins, fundador, Salustiano, Cândido Borges, Giolito, enfim. A transição, em Cascadura, de Amaury para Gladson foi difícil. Começam como Congregação da Fluminense, com Teodoro. Entra Nelson Bento Quaioti, em 1958. Maurilo Neves Moreira entra em 1968. Fica até 1982. Entra Cid Mauro Araujo de Oliveira, até 1994. Diáconos Isaías e Dagoberto sustentaram durante um tempo. Isaías Entra falando sobre seu pai, pois menciono o trabalho de tio Nelson, irmão de minha avó, na Central do Brasil. "O meu pai, narra Isaías, era funcionário da Estrada de Ferro". O tio, irmão do pai, trabalhava nos trens. E o tio, por parte de mãe, era maquinista de locomotivas da Central do Brasil. Residiam no pátio da estação da Estrada de Ferro. O trem passava ao lado, encostado na casa, em Augusto Vasconcelos. Visitei, com Isaías, sua mãe nessa casa. "Fui criado nesse ambiente de Estrada de Ferro, filho de ferroviário, sobrinho de maquinista e de outro funcionário da Central. O pai, Waldemar Ignacio da Silva, funcionário da Central do Brasil, a mãe, Albertina Carolina da Silva. Perderam uma filha, Jurema, menina linda e inteligente, com desinteria basilar, não havia antibióticos. Refugiaram-se na Congregacional de Bangu, tempos do Revs. Mazzoti Jr e Jonathas Tomás de Aquino. Quando eu completei 13 anos, fui para uma Escola Ferroviária, a Silva Freire, no Engenho de Dentro." Primário e Ginásio completados, antigamente num total de 10 anos, 1⁰ ao 4⁰ primário, saía-se para o 5⁰ e 6⁰ do admissão e depois os 1⁰ ao 4⁰ ginasial, o aluno saía formado numa profissão. Ao sair dali, esperava-se que o aluno integrasse os quadros de funcionários da Ferrovia. Ele chegou a trabalhar sob número de passe, ainda lembra, 405029. Bem ao lado das imensas Oficinas da RFFESA, Rede Ferroviária Federal, SA, onde hoje se situa o Estádio Nilton Santos, o Engenhão. Toda a manutenção necessária era feita dentro dessa imensa quadra de oficinas. Pergunto se as composições mais antigas eram as da década de 1930, tempos de Getúlio. Menciono esses, que alcancei na infância, com bancos de encosto, mas também transversais, ainda forrados de tábuas de madeira, numa disposição interna semelhante à usada atualmente. Ele lembra os vagões de madeira, ainda tracionados por locomotivas a vapor. A eletrificação dos trechos foi feita, salvo engano, por volta de 1938-39. Primeiramente, da Central até Bangu, lugar da famosa Fábrica de Tecidos. Foram os primeiros trens elétricos do Rio de Janeiro, com vagões mais curtos dos que os atuais, com apenas três portas, circularam até os anos 90. Posteriormente, uns 15 anos depois, foram importados os de 4 portas. Em 1977, ano em que ingressei no curso de engenharia, na PUC/RJ, lembro da novidade que foi a chegada dos trens japoneses. Antigamente, havia, nos interestaduais, uma divisão entre 1ª Classe e 2ª Classe, com bancos refinados, como poltronas e maior espaço naquela, e assentos de madeira, nesta. E ainda um pequeno hall envidraçado, de entrada, interior branco luzidio e cortinas escamoteáveis, para ajustar contra o sol. Com a popularização, virou classe única, e essa subdivisão de luxo desapareceu nos trens mais modernos. Da época de Getúlio para adiante, a eletrificação alcançou Santa Cruz. O ramal de Paracambi era-lhe menos conhecido, sendo ainda criança, porque residia na linha de Santa Cruz, ou Matadouro, mas afirma que, pelo tipo de sinalização e postemento devem ser de mesma época ou contexto. Os antigos postes pretos, de aço, ainda hoje vistos, indicam tratamento igual, seja na direção Bangu ou na de Nova Iguaçu. Ainda haverá a linha auxiliar, assim chamada. Isaías, filho do meio, tem um irmão, Walter, mais velho e uma irmã, Eunice, mais nova. Os pais, Waldemar Inácio da Silva e Albertina Carolina da Silva. Por nascer em casa dentro do espaço da linha férrea, a paixão de menino era conhecer a estação final dos ramais. Certa vez, alcançou Margaratiba. Noutra vez, num feitio de gazeta, saído da escola, bandeou para os lados de Xerém, em Duque de Caxias. Augusto Vasconcelos, remoto, colado a Campo Grande, era um paraíso, infância segura, podia-se rodar sem perigos. Bastava chegar e relatar ao pai, "fui até lá, nada para se ver, o trem corre dentro do mato, bitola estreita". Menciona o ônibus, tempos dessa época, 20 anos atrás, que sai da Barra e segue para a Tijuca, subindo a serra. E menciona então Campo Grande, no tempo dos bondes. Em Cascadura, bem no fim da linha, próximo a estação de trens, o bonde fazia a conversão de linhas e ele brincava com Roberto, seu mais velho: "Quer ver como vai sair um bonde por aquela porta". E lembra deles no ramal da zona oeste: "Era muito curioso: estava escrito Pedra, para o que fazia ponto final da praia. E o que tinha escrito Ilha, fazia ponto final em meio às touceiras de mato. Ora, o Ilha, sem nada de água, enquanto que o Pedra, ia para a praia." Ele acha que custava cerca de 500 réis, para a época, cobrando-se de seção a seção do percurso. Rio da Prata era um ramal diverso. Ia-se ida e volta, até os extremos da linha. Este um itinerário bem diferente, passando defronte onde hoje situa-se a 1ª IB de Campo Grande. No Monteiro, na bifurcação do rumo para a Pedra, à direita, e para o Mato Alto, à esquerda, havia uma subestação. Ia-se de Campo Grande ao Monteiro, para dali alcançar os extremos de Pedra de Guaratiba ou Ilha. Não existindo o monopólio atual dos ônibus, trens e bondes eram bem requisitados. Ele agrega, a sua experiência, ter aprendido sua profissão após ter saído da escola. Teve uma tremenda sorte de possuir um chefe que muito o ajudou. Não tendo sido aproveitados nas oficinas da Central, por razões alheias, cada um foi procurar uma profissão. Ele foi trabalhar numa fábrica de escovas de todos os tipos. Esse chefe, de alta capacidade, que ensinou princípios. Só de repetir "a pressa é inimiga da perfeição" somou a sua experiência de vida muita sabedoria, ponderação e competência. Um excelente profissional, esse chefe, ele se recorda, incomparável, até hoje. Porque com ele, aprendeu o modo caprichoso de se fazer um serviço. Usou o exemplo do fogão mal instalado. No qual uma emenda mal feita se destaca mais do que a novidade e revela um trabalho relaxado. E descreve como conseguia, por meio de um coeficiente previamente estabelecido e calculado, tornear o diâmetro de uma cabeça de parafuso, a sextavar, que coubesse em qualquer chave como, por exemplo, a de 3/4 para um encaixe de 19 mm. E fracionou em 12 partes a placa do torno, em partes iguais, onde coubessem medidas 2 a 2, para o sextavado, ou medidas 3 a 3, para o quadrangular, por serem múltiplos entre si. E ficava essa fábrica de escovas no interior de Santa Cruz, um estirão a pé, foi esse seu primeiro emprego. Para então, num segundo emprego, agora em Vascocelos, colado a sua casa, trabalhar numa fábrica de pregos. E posteriormente, retornando a Campo Grande, na fábrica de bombas Dancor, e houve um intermediária antes de chegar à Ficap/Elecab. O nível melhorou muito, porque nessas anteriores a previdência federal não era paga, na época em carnês. Por isso, resolveu procurar, nos jornais, empregos em firmas maiores. Foi quando descobriu uma firma, ora vejam onde, no Meier, carente de torneiro. E ele conhecia onde ficava, mas por distração, o ônibus já havia alcançado a Suburbana (hoje chamada Dom Helder Câmara). E, sem esperar, certamente, providência divina, passou defronte à Ficap, naquela época ali na Suburbana (próxima ou no lugar de hoje do Carrefour). Saltou, veio pela calçada, e, ao alcançar o portão, perguntou ao guarda se havia vaga para torneio. Ele indicou o Dpto de Pessoal. E lá perguntou: "Há vaga para torneio?" A reposta foi negativa, mas havia para encarregado. E veio logo o desafio: "Ora, você não quer fazer uma experiência?" Ele anuiu, os dados foram anotados, um retorno agendado, uma série de exames, psicotécnico, exame de conhecimentos para, finalmente, ser admitido como Encarregado, e o primeiro por essa via, meio que de improviso. Porque os veteranos sempre foram escolhidos por promoção, galgando cargos, mas houve engenheiro que preferiu trazer como que da rua, sem vícios, habilitados para novos desafios, o que seria diferente. Nessa época, já era casado com d. Ester, em volta dos seus 30 a 33 anos. Estamos, portanto, por volta de 1964 a 1967. Anaconda, Ericsson, Elecab, enfim, a Ficap circulou por esses parceiros. Saiu para a aposentadoria por volta de 1983. Ano em que iniciei o pastorado em Cascadura, onde o conheci, ordenado que fui em 2 de janeiro desse ano, mas lá chegado anos antes, em 1966.