domingo, 8 de janeiro de 2023

Futebol e a Fábrica Bangu - 3

   Aos domingos, era comum ver grupos pedalando suas bicicletas, rumo a lugares novos na paisagem, ou treinando algum instrumento musical e, com isso, almejar uma vaga na Banda da Sociedade Musical Progresso de Bangu, fundada em 1892, a qual deu origem ao Casino Bangu.

   Futebol era algo desconhecido para os brasileiros. Foi neste momento que o Sr. Donohoe se deu conta do engano que cometerá. Achou desnecessário trazer uma bola de futebol para o Brasil, pois acreditava que o esporte já era popular por aqui.

   Na viagem de navio, Donohoe chegou a comentar com Clarence Hibbs que poderia jogar com os estudantes das escolas superiores de Bangu e que, logo ao chegar, iria se associar a um clube local. Puro engano. Para decepção de Donohoe, não havia futebol em Bangu, e muito menos escolas superiores ou clubes.

   Justo ele, que chegou a ser ídolo do futebol em sua terra natal. Já tinha se passado cinco anos, mas na memória de Thomas ainda estava muito viva aquela partida de 2 de março de 1889, diante de um grande público, no Cartsbridge Park, quando saiu de campo carregado nos ombros pelos torcedores, ao marcar um gol que dera a vitória ao seu Busby F. C., diante do rival Cartvale F. C. em um clássico local.

   Foi até a diretoria da fábrica. Cerificou-se com o tesoureiro Manoel Moreira da Fonseca que seu contrato era longo e, já que iria realmente ficar no bairro, precisava trazer Elizabeth. Foi assim que a Fábrica Bangu pagou a viagem da Sra. Donohoe, que embarcou no paquete S. S. Liguria, em Liverppol, no dia 16 de agosto de 1894, trazendo os filhos John, com três anos, e Patrick, de seis meses, e mais uma bola de couro na bagagem - pedido feito por Thomas em carta escrita à mulher. No dia 5 de setembro, uma quarta-feira, quando Elizabete desembarcou no porto do Rio, junto com outros 169 passageiros, Thomas estava lá para recepcioná-la.

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