quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Deus e a arte
         A noção, para Deus, do bom e da arte estão intimamente ligadas à comunhão que Ele se propõe ter com o ser humano. 
        Porque jamais Deus, no homem, contemplaria o belo. Viu Deus tudo quanto havia feito e eis que era muito bom. 
        Acreditamos na capacidade divina de avaliar sua obra feita. E por mais indiferentes e insensíveis que sejamos, além de ser fruto da criação, reconhecemos a perfeição da natureza.
       O belo está associado ao bom. Destoa, no conjunto da criação, a índole humana. Ninguém discute que, se a natureza está ameaçada no planeta, o único ser, ironicamente autointitulado racional, é aquele capaz e decidido a destruí-la.
      Deus havia posto no homem matriz de sua imagem e semelhança. Dotou de liberdade o ser humano, sim, e lhe concedeu, da mesma forma, possibilidade de partilhar com o divino os mesmos gostos.
      Nunca foi obrigado a ter opinião idêntica àquela de Deus. Se fosse divinamente teleguiado ou possuísse um software, ainda que oculto, de inclinação por preferências,  isso tornaria liberdade e livre-arbítrio, na obra-prima de Deus, uma fraude. 
      Mas não. O belo e o bom, definitivamente, não mais estão no ser humano. A não ser nos que assim se autoavaliam e buscam bondade e beleza alhures, chamadas para dentro de si.
      E o maior problema de tudo isso não é apenas uma questão de gosto, como se minha inclinação artística fosse simplesmente diferente daquela de Deus e só isso. 
     Não. O mau gosto, no ser humano, não se reduz, apenas, a uma noção de senso de escolha, a um direito (mais um) reclamado pelo ser humano de fazer sua opção e, por que não e, principalmente, contra Deus. 
     Que faça suas escolhas. Mas a perda do belo e do bom, no ser humano, condenou-o, definitivamente, à incapacidade da arte. Ou quem sabe, reclame para si total capacidade para a arte, mas sem ter para si e consigo o bom e o belo.
      Mesmo porque Deus, que viu que tudo o que fez era muito bom (e belo), quando viu que o homem havia optado pelo feio e mau, amou. E amar é ver beleza onde somente existe o que é vil. 
      De que modo Deus olha para o ser humano? Vê o que é vil, mas enxerga além, numa capacidade e possibilidade para a fé. Quando Deus e homem/mulher olham na mesma direção, está direção apronta para a cruz.
     O que há de belo e bom na cruz? Amor. Nada mais belo e bom do que amor. Tudo o que há de mais vil e feio, que mora dentro do ser humano, há cura por amor.
     Estado de arte. Viu Deus que era bom. Pode-se até discordar de Deus. Talvez, quem sabe, achar esquisita a tromba do elefante. Será por pura ignorância. 
      Porque até a ciência ensina que para tudo, na criação, há um propósito inteligente. E isso é belo e bom. Falta no homem o belo e o bom. Falta no homem o amor de Deus. Para o belo e para o bom. Para o belo e para o bem.
         Falta olhar, com Deus, na mesma direção, para o belo e o bom, para o amor.

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