sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Igrejas por onde passei - 2

    Por ironia, Cascadura. Bairro onde nasci e igreja congregacional onde cheguei em 1966, aos 9 anos de idade. Cascadura, literalmente, somos todos e qualquer antes da conversão.

   Nela delineou-se minha personalidade. Em casa, com pai pastor e mãe imersa em tudo o que significasse igreja e denominação. Como num banho esmaltado em forno industrial de máximo calibre.

   Mas nunca me avaliei, por isso, pré-programado, como num molde, sem opção de escolha. Ao contrário, consciente, em todas as etapas desse desenvolvimento, rato de igreja, em todas as etapas e opções experimentado.

   Acho até que, por isso, cheguei a pastor. Mas, como já disse, bem consciente e lúcido do que isso representa. Sem desculpa esfarrapada para o dia do juízo final. Assumido. Cascadura.

   Do bastimo, em 1968, aos 11 anos, a ordenação, em 1983, aos 26, modelou-se o perfil, na tensão esperada dos conflitos entre o grupo, a família e as crises pessoais. A crise pré-batismal foi mais prosaica e singela.

    Não sei por que cargas d'água, deparei o próprio pastor que me batizou, nós dois apoiados sobre uma velha mesa que havia, ao longo da parede do Salão Anexo, aqui escrito com maiúsculas por causa da personalidade desse espaço, para a geração de minha época.

    Daquelas mesas presas por dobradiças à parede, práticas para aproveitamento de espaço quando não em uso. Raquel, filha de Amaury Jardim, hoje pastor nonagenário e, naquela época, apenas presbítero, foi nossa companheira de batismo.

   E numa das brincadeiras por ali, ocorrido que, com certeza, nem lembramos causas e efeitos, houve queixa a meu respeito. Como chegou, ao pastor, sem burocracia, nem sei, acho até que ele circulava por ali e, nesse encontro, debruçados sobre a mesa, fui exortado por ele.

   Não sei se se expressou mal, ou mal entendi, achei que o agravamento do acontecido inviabilizaria o meu batismo. Contive-me ali, mas dali retirei-me aos prantos. Nem sei quem me acolheu. Só sei que declinei à pessoa o que havia entendido: definitivamente, não poderia ser batizado.

    Isso chegou aos ouvidos de Maurilo Neves Moreira que, prontamente, quem dele se lembra, com sua típica dificuldade de formular uma fala com um mínimo atropelo de pronúncia, explicou-me que não, o que ele dissera não fora o que e como eu havia entendido. Simples assim.

   Essa foi a crise pré-batismal. Já a pré-ministerial perdura até hoje. Menos simples, porém equacionada.

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