sábado, 21 de maio de 2022

Teologia bíblica da vocação - 16

 Assim, o único evangelho que serve para o Xerente é o evangelho integral. Menos que isso, não teria sido aceito, como foi, mesmo que lá não se falem de pobres e ricos. Certos estavam, pois, os organizadores do I Congresso de Evangelização Mundial, de Lausanne, Suíça, 1974, ao colocarem como tema do Congresso, o slogan: “O evangelho todo, para o homem todo no mundo todo”.

Agora, se estamos falando de “Responsabilidade Social da Igreja”, isso é outro assunto. A preocupação e a responsabilidade social com os pobres, viúvas e outros, é um mandamento bíblico tanto no Velho Testamento como no Novo. Todo esforço que a igreja fizer para aliviar as dores daqueles que não somente carecem da mensagem da vida eterna, mas vivem miseravelmente neste mundo, sem as regalias dos demais, é pouco. Mas, priorizá-los, em detrimento dos demais, negando a esses as chaves que abrem as portas do reino de Deus, não é fazer missões, segundo a Bíblia. Aprendi, na minha experiência com os Xerente que “Missão Integral” é uma coisa e “Responsabilidade Social da Igreja” é outra. Assim, desafio aqui os teólogos para elaborarem estudos mais aprofundados sobre o assunto…

8.    Ações missionárias inspiradas em programas humanitários: Por fim, parece que muitos estão apenas imitando os movimentos de assistência social levados a efeito pelas emissoras de rádio e televisão, pelos empresários, desportistas e especialmente pela Rede Globo, movimentos esses muito bem divulgados pela mídia. Muitos dos trabalhos sociais de certas igrejas e movimentos missionários não diferem muito do que essas instituições vêm fazendo. Essa prática seria o resultado de falta de iniciativa, falta de uma visão mais ampla das Escrituras, ou seria mesmo só uma questão de ibope?… Outro dia eu estava pensando nas crianças indígenas que precisam ser preparadas para o contato com nossa civilização, que será tanto mais complexo quando elas chegarem à idade adulta. Falei isso com alguém e logo veio a pergunta: Mas não há ninguém pensando nisso? Respondi: Não há, mas eu garanto que se a Globo, por exemplo, iniciasse um programa com crianças indígenas, no Brasil, é certo que um número enorme de igrejas e de agências missionárias evangélicas iria correr atrás do assunto e fazer o mesmo…
Ora, o resultado de tudo que se disse acima, é que agências missionárias transculturais que precisam de missionários de carreira e bem preparados, como também as próprias escolas de preparo missionário sério, estão sentindo a falta de obreiros, estão sentindo a falta de candidatos. Com isso, trabalhos transculturais estão sendo prejudicados, o sustento dos missionários de campo tem diminuído, tanto quanto tem sido difícil mantê-lo e o número de missionários de carreira convocados é quase ínfimo, diante da convocação em massa de missionários temporários e de voluntários em missões. A pergunta é: Por que descurar de uma atividade missionária para incrementar outra? Não poderíamos fazer ambas as coisas ao mesmo tempo, com o mesmo enfoque e com a mesma intensidade?
Fazer missões é fazer missão no mundo todo, para todas as pessoas, independente de raça, cor, status social, poder aquisitivo, classe social ou de se considerar as pessoas integradas ou não à sociedade. Afinal, os bons cidadãos, as pessoas de bem, a classe média e os mais abastados (aqueles que levam a carga do desenvolvimento de seus países, que fabricam roupas pra gente vestir, comida pra gente comer, etc.), como bem todas as pessoas integradas em todas as nações e minorias étnicas do mundo, têm o direito de ouvir o evangelho da mesma forma que os pobres, os flagelados e aqueles que estão, como dizem, em situação de risco.

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