segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Artigos soltos 52

 "Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo". Mateus 27:22.


     Estimulante, por si, esta pergunta. Muito já se disse e escreveu sobre ela. Vai aqui mais um texto. Isso porque ela está implícita em qualquer atitude em relação a Jesus Cristo.

    Pilatos separou as duas pessoas, ou melhor, separou o título "Cristo" do nome "Jesus": "Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo".

    Na cultura judaica havia o costume de ungir com óleo o que fosse, pessoas, lugares, utensílios. Simbolizava sua consagração.

    Por exemplo, no ritual detalhado de ordenação sacerdotal levítica ungia-se com óleo. Na cerimônia ou fora dela, como ocorreu com Davi, um rei era consagrado ao seu ofício.

    Um profeta, como ocorreu com Eliseu, também levava óleo sobre sua cabeça. Porém, mais do que o óleo, simplesmente, que, por si, nenhum efeito místico possuía, valia a personalidade.

     Por exemplo, na comparação entre Saul e Davi, os dois levaram óleo sobre a cabeça, porém somente Davi honrou, em essência, o que o ritual significava.

     Já no caso de Elias, que ungiu Eliseu, os dois honraram a investidura. Aliás, a simbologia extrapolava a condição de ser apenas judeu, porque Elias ungiu Hazael, rei sírio.

     No caso de Jesus, a unção corresponde a uma tarefa específica dele, associada à marca distintiva de sua personalidade, daí o termo "Ungido", o mesmo que "Cristo" ou "Messias" ter se tornado seu sobrenome.

     A pergunta de Pilatos pergunta pelo personagem histórico "Jesus", associado ao título "Cristo" a ele atribuído. Por isso esse governador usou o terno "chamado". Para ele, tratava-se de uma alcunha.

    Quase certo afirmar que, como personagem histórica está garantida a existência do galileu Jesus. Embora até teólogos, assim chamados, tenham encetado uma busca pelo "Jesus histórico".

     Mas partindo-se da hipótese de que sua historicidade é incontestável, falta a outra parcela, o sobrenome Cristo e, nesse caso, o que significaria, que sentido e tarefa a ele designada representa a sua unção.

     De tão específica, por toda a argumentação e significado do termo "unção" aqui expostos, destaca- se o seu uso bíblico, aliás a razão por que aparece no relato do Evangelho, neste caso, Mateus, e a razão de ser da personalidade histórica Jesus.

     Uma tarefa e personalidade únicas: ser o salvador, aliás, o sentido hebraico de seu nome "Jesus", o único designado por Deus para essa tarefa. Portanto, a unção de Jesus é e está em função de todas as outras assim realizadas.

     Logo, a pergunta "Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?" se aplica a todos, tenham-na feito ou não. Porque primeiro, revela o grau de relevância dado à Pessoa. Porque é inadmissível desconhecer, totalmente, Jesus. Ou até seja admissível, porém não sem violência contra si mesmo.

     Refiro-me a Jesus, pessoa histórica. Avançando em direção à Jesus, agora como Cristo, sim, porque são a mesma Pessoa e a fala de Pilatos, supondo ser uma alcunha fraudulenta chamá-lo Cristo, é pura equivoco dessa outra histórica personagem.

     Jesus é o Cristo, como afirmou o apóstolo: "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo". Aqui como confissão de fé. Que é a única alternativa cabível na solução é resposta para essa questão. E a resposta dada a Pilatos representa uma resposta coletiva.

     E prevalece a pergunta. Ninguém se livrou dela. O que fazer, ainda hoje, de Jesus, chamado Cristo? Há algumas possibilidades a ser discutidas.

      

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