sábado, 17 de abril de 2021

Artigos soltos 51

        Pequenino

     A questão pode ser complexa mas, como fé, segundo as Escrituras, não tem pedigree exclusivo para nenhuma classe social ou nível intelectual obrigatório, ela se torna simples.

      Aliás, o próprio Jesus acusou que se alegrava com o fato de o Pai ter escondido de maiorais o que é simples e elevado, e ter dado prioridade ao "andar de baixo".

     "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos". Mt 11:25.

  Evidentemente que, com a prática hermenêutica atual, qualquer um pode atribuir a qualquer um de quem o texto trata, quando se refere a esses dois grupos: de um lado, os "sabios e entendidos" e, de outro, os "pequeninos".

      Independentemente do viés hermenêutico, que supra com argumentos convincentes a identidade das personagens desses dois grupos, uma sutil ironia, por parte de Jesus, pode ser identificada.

      Porque os " sabios e entendidos" não o são a ponto de discernir o que os "pequeninos" perceberam. E Jesus, caso essa palavra tenha saído autenticamente de sua boca, segundo os "sabios e entendidos" atuais prescrevem, ainda atribui a Deus o ato de ocultar essas verdades a essa classe tão esclarecida.

      Para a economia deste texto, queremos considerar "sabios e entendidos" a classe dos que negam os milagres narrados pelas Escrituras e "pequeninos" os que neles acreditam inteiramente.

      A questão eu mencionei como simples, porque se configura pelas seguintes perguntas: Deus é capaz de realizar milagres? Sim ou não? De que tipo? É possivel caracterizá-los? Alguns deles estão escritos nas Escrituras? Quais e quantos?

      Se há um grupo que acredita na capacidade de Deus realizar milagres, estou nele incluído. E seleciono aqueles descritos na Bíblia como prioridade. Parto do seguinte princípio: se Deus, como uma de suas descrições, revela ser onipotente, pode realizar milagres.

       Se, para além das Escrituras não houver nenhuma outra fonte de autoridade capaz de confirmar qualquer outro milagre realizado, todos os milagres descritos na Bíblia têm prioridade como descrição fidedigna dos únicos milagres conhecidos.

      E se, por definição, "milagre" é uma ação inexplicável por meios físicos, sendo necessário a intervenção de um poder metafísico, ou seja, será precipuamente milagre justo por ser incapaz de, cientificamente, ser explicado.

      Exatamente por isso, por se colocar para além de uma explicação lógica, seja pela percepção dos homens da época de registro do texto bíblico, seja pela ótica do homem pós-iluminismo, trata-se exatamente de um milagre.

     Podemos extrair exemplo, precisamente, dos mais intrincados ou, para usar uma terminologia mais direta, mencionar aqui exemplo dos mais absurdos. Porque poderíamos propor a categorização aqui já mencionada, mas achamos perda de tempo.

      Porque partimos do seguinte raciocínio: perdido por um, perdido por todos. Ora, se Deus não é capaz para realizar esses mais complicados, como narrados, nas Escrituras, um dos dois ou já os dois estarão comprometidos: Deus, por ser colocado na categoria de sub-deus, ou as Escrituras, por atribuir a Deus algo que, jamais, teria, efetivamente, realizado.

  Escolhemos João, por causa de sua especialidade em selecionar milagres os mais fantásticos realizados por Jesus. Muito sabe a ciência sobre as células. Não sabe tudo, ela mesma reconhece, mas sabe muitíssimo. Sua estrutura e função estão cansativamente exploradas e descritas.

      O que as mantém vivas, como se alimentam, como se reproduzem e como excretam. E sabem o que ocorre com elas imediatamente após a morte. Pois então, no Evangelho de João, há uma descrição da ressurreição de um homem chamado Lázaro, já em estado de decomposição. Propositadamente assim descrito, propositadamente assim realizada.

     O que ocorreu com aquelas células, para que fosse revertida a sua condição de natural deterioração, seu estado de efetiva putrefação, é algo que a ciência, certamente, nunca terá proposto estudar. O que hoje em dia, cientificamente, está posto é ressuscitar corpos previamente congelados, exatamente para se evitar essa desintegração celular.

      Do micro, ao macro, vamos ao livro de Josué. Aliás, muito embora hoje o que se chama quântico tenha mexido, definitivamente, no conceito de fronteira entre micro e macro. Aliás, a explicação para milagres, definitivamente, vai estar associada às conclusões derivadas desses estudos.

      A ciência tem uma teoria para o início da história do cosmos. Uma delas, diz que uma Big Bang, uma grande explosão, no início de todos os inícios, pôs a girar tudo o que hoje gira por cima de nossas cabeças. Exatamente por ser uma explosão, é que giram, expandem-se e ainda perduram seus efeitos.

     Josué descreve um dia longo demais. Nesse milagre macro, Deus teria parado o tempo ou parado o relógio, vai dar no mesmo. Fantástico! Impossível. Do mesmo modo que seria, no reino micro, reverter células que já se adiantaram em seu estado de decomposição, no mundo macro, seria impossível deter o curso do movimento de rotação da terra, para "esticar" o dia.

      Qual dos dois "milagres" venceria na categoria do absurdo maior? Muito provavelmente, o segundo, porque segurar a terra por horas, em sua rotação, provocaria consequências de reação em cadeia, mega identificadas, enquanto que, no milagre anterior, seriam reações ao inverso, mini identificadas, porém, do mesmo modo, elencadas como impossíveis.

      Portanto, ou propomos uma seleção e uma hierarquização dos milagre descritos nas Esculturas, de modo a preservar, em Deus, sua capacidade como um ser oniopotente, ou teremos mesmo que classificar, narrativa a narrativa setorizada dos milagres os que, embora descritos nas Escrituras, estão sujeitos aos expedientes da narrativa, ou seja, modalidades não-literais de registro.

      Sou, definitivamente, um pequenino nesse assunto. Não importa por que viés for classificado. Sou pela autenticação de todos os milagres bíblicos como realizados por um Deus onipotente, do jeito como estão escritos.

       E ainda provoco a ciência que estude, no caso das células mortas, os meios físicos pelos quais se dá seu retorno às suas funções antes de seu desenlace entrópico definitivo. E quanto ao equilíbrio macro das leis gravitacionais, o que seria necessário estacionar, junto com todo o planeta, evitando o efeito da inércia, caso a freada do Criador fosse muito brusca.

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