sábado, 16 de novembro de 2019

Instituto Ecumênico Fé e Política para mim

   Neste texto, que divido em três tópicos, desejo analisar o que é o Instituto Ecumênico para mim.

1. Gratidão: por pura coincidência, no livro de 2005, meu nome aparece assinado em primeiro lugar. Um dia chuvoso, na Fadisi, quando com Lina Boff demos indício às atividades do IEFP, liderados por Nilson Mourão, Pacífico e o pr Geber. O desdobramento permitiu que reuníssemos irmãos de outras tradições e iniciássemos uma brilhante jornada de Cultura de Paz e irmandade entre religiões. Aprendi tudo o que sei sobre ecumenismo e diálogo inter-religioso, na prática, somado à minha experiência familiar e as teorias vistas no mestrado da PUC/RJ. Que religião jamais pode ser barreira na comunhão fraternal. Que nenhuma delas é definitiva ou mais importante do que outra qualquer, independentemente de sua antiguidade ou número de adeptos. Que a pessoa sempre é mais importante e que a religião sempre lhe presta serviço: a religião que sufoca ou oprime, deixa de ser. Na minha fé, Deus se fez homem e não religião. 

2. Ensino Religioso: representar o IEFP no Ensino Religioso, a convite da Secretaria de Estado de Educação - SEE é uma tremenda responsabilidade e um enorme privilégio. Um começo fantástico em companhia de Ivanilde, mulher de valor e coragem, que tem sua biografia relacionada a várias frentes de luta, no que é essencial, e sempre como modelo. Foi uma jornada, uma peregrinação muito gratificante percorrer o Acre de ponta a ponta com ela em 2014. E a partir deste ano, o Ensino Religioso somente avança, como resultado dessa parceria IEFP-SEE e o acolhimento por parte dos heróis, os professores, que mesmo diante dos obstáculos, como o acúmulo de outra(s) matéria(s) que não só o Ensino Religioso, ainda a falta de um Curso de Licenciatura (diga-se de passagem que o IEFP em sua diligência participou do início dessa caminhada, com a pós-graduação na UFAC), eles têm se mostrado receptivos,  aceitando e se empenhando em todos os desafios. Destaco a administração atual da SEE, que confere total apoio ao Ensino Religioso em seu desenvolvimento. 

3. Contexto atual: toda a história acima descrita me contextualiza no Instituto de modo muito sensível. Porque misturo-me com sua história e minha própria história tem sido tremendamente influenciada por ele. Esse Instituto que é Fé e Política, colocando-se de modo corajoso e desafiador em duas trincheiras fundamentais na sociedade, chama a si, de peito aberto, toda uma luta em que as principais armas são o amor e a paz. Se houver conflito, e essas são, religião e política, exatamente duas áreas de flagrante conflito, cada membro do Instituto vai armado para essa luta com amor e paz. Como diz a Bíblia, livro que, de vez em quando, eu leio, enfrentar conflito com amor e paz é uma loucura. Mas temos praticado. Marcado a nossa sociedade com esse exemplo. Porém, somos seres humanos. Temos nossas ênfases religiosas e políticas. E um dos desafios internos no Instituto, que é Fé e Política, é não permitir que uma maioria interna política defina seus temas e prioridades, assim como uma maioria interna religiosa faça o mesmo. Temos de ter consciência de nossas virtudes, pontos fortes, e de nossas fragilidades, que existem. Com relação a mim mesmo, numa autoanálise, não avalio que minha postura política esteja definida ou que ela, no contexto do Instituto, venha contribuindo de modo positivo para o desenvolvimento dessa faceta, a política, entre nós. Tenho sido sincero e, muitas vezes, cirúrgico em minhas afirmações, por achar que esse é o contexto de debate, mas em nenhum outro lugar assim me exponho. Vou repetir: não misturo essas minhas inquietudes e angústias com a abordagem do Ensino Religioso. Portanto, minha escolha, no momento, é parar de emitir opiniões de viés político. Já tentei fazer isso sem sair do grupo de whatsapp do IEFP. Mas não consegui. Porque me senti, por minha própria conta, instigado a falar. Mas preciso "dar um tempo" para realinhar minhas opiniões. Não quero que essa minha fase atual acabe por comprometer minha história no IEFP e no grupo. Desejo ainda lembrar e, de certa forma, advertir que quando há uma maioria, como já mencionei aqui, seja ela religiosa ou política, não vai caber a ela própria, sozinha, autoexaminar-se e avaliar se tem se tornado hegemônica: é bom que ouça os que estão do outro lado também. Evangélicos, no IEFP e no grupo, são tão minoria quanto outras confissões nele representadas. E são um mosaico muito variado. E na fase atual, estão sendo genericamente acusados de apoiar, politicamente, o lado errado. Aqui não é lugar para eu repetir ou justificar minhas posições. Mas fica a advertência para que, nem religiosa e nem politicamente, as representações mais destacadas em sua maioria, tanto no IEFP quanto no grupo, ainda que sem perceber, façam prevalecer sua visão. Porque nossa convivência é plural e devemos exercitar a aceitação do contraditório.

       Vou pedir ao Pacífico e ao também amigo Frank que sejam meus interlocutores e conselheiros nesse período em que estarei afastado do grupo de whatsapp. Quero dizer que estou em contato, também, com os demais membros no privado. Tenho certeza de que vão me ajudar e orientar. Qualquer dúvida ou informação sobre o Ensino Religioso, podem ser mediadas através do contato com eles. Após o compromisso de segunda-feira próxima, no auditório da SEE, momento em que escolho me afastar temporariamente, esses amigos já poderão, em caso de qualquer contato, prestar esse honrado serviço. 

     Todos sabemos orar. Peço que estejam orando por mim. Sempre grato e muito honrado por essa companhia e contexto de comunhão.

  Cid Mauro Araujo de Oliveira .

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