terça-feira, 23 de abril de 2019

Artigos soltos 44

Ora, Deus (2)

    Já disse aqui, neste espaço, que sou repetitivo. Quanto às ideias e quanto à escolha do assunto. Neste caso, de novo, Deus.  O assunto aqui é,  de novo,  Deus. Isso mesmo.  Repetitivo. 

    Mais especialmente sobre não Deus. Diz-se ser Deus uma criação do homem. E não o contrário, como diz a Bíblia. Aliás, usam como prova exatamente a Bíblia. Como assim? Como, se o Livro é a principal testemunha da existência de Deus?

     Não. Ao contrário. Nas páginas do Livro, máxima incoerência, aparecem as contradições sobre Deus, definitivas provas de sua não existência. O que dizer, por exemplo, sobre o perverso Deus genocida do Antigo Testamento? Que, supondo não tenha, ainda que não mandado chacinar, protegia como seu um povo que assumia tal prática. 

     Moisés, principal líder na história desse povo, também um genocida, à imagem e semelhança de Deus. Deve haver, mesmo, algum erro no Lívro, ironicamente, aqui, referindo-se à concepção de Deus. Porque inventou um Deus perverso. 

    Definitivamente, o Livro mostra um Deus à imagem e semelhança do ser humano. Isso mesmo. A Bíblia diz que Deus é a sua cara, o mesmo que dizer que você é a cara de Deus. E genocida,  no caso, não é Deus.  Somos nós. 

     Ora, porque genocídios existem. Deus pode até não existir. Mas genocídios, temos certeza de que existem. Então não me venha dizendo que Deus é responsável por eles. Para com essa mania de atribuir a Deus a sua maldade. 

    Sim, porque, numa altura dessas, neste texto,  é claro que você dirá o que, recorrentemente, todos dizem: não sou mal. Mal é o outro. Como se diz que o filósofo disse, o outro é meu inferno. Minha bondade não é absoluta, por causa da maldade alheia. Toda a bondade tem um limite. 

     A maldade,  não: esta tem livre acesso e livre curso. Muito embora a Bíblia diga não pagar o mal pelo mal, mas sim manda pagar o mal pelo bem. Repetitivo. O melhor remédio contra a maldade humana é a própria maldade. Quanto maior, melhor.  O nome disso é vingança. 

     Pode chamar de tortura também. Seria, vamos dizer assim, uma "tortura do bem". A tortura justiceira. A tortura do bom. Os bons, por vingança,  podem e devem torturar o mal. Quer dizer, torturar aquele(a) que é mau(má). Não é a Bíblia que diz isso. É a humanidade. 

     E Deus não existe. Talvez, se existir, seja melhor, para que ponhamos nEle a culpa pela maldade. Definitivamente, o mundo está dividido entre maus e bons. Talvez, de novo, possamos incluir mais dois grupos: os mais ou menos maus e os mais ou menos bons. 

    Porque, talvez, repetitivo, os maus sejam mais sinceros. Não são falsos humildes. Sejam os que dizem,  sou mal mesmo, e daí? Enquanto que os bons, sejam hipócritas ou falsos humildes, por assumir, cinicamente,  sua bondade. 

     Para dizer, resumidamente, que o Livro começou mal sua história. Dizendo que Caim, o mal, matou Abel, o bom. Deveria contar a história de como, por pura legítima defesa, Abel tivesse matado Caim. A única maneira de conter Caim seria essa.

     Será que Caim representa os genocidas? A marca de Caim. Já sabemos qual é. Estou mais para Abel, do que para Caim, é claro. Mas vou providenciar minha arma para que, eventualmente, se Caim aparecer seja eu que o mate. 

    Seguro morreu de velho. Eu sou do grupo mais ou menos bom. Mas tenho certeza de que maldade e genocídio não são invenção de Deus. É prática humana. Bem humana. Deveras humana. Ora, Deus mal existe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário