sábado, 6 de abril de 2019

Avante um pouco aos 20 anos - 3

1978

        Na verdade, comecei no Seminário Betel, no Rocha, RJ. Eu tentava dizer para mim mesmo que faria o mesmo seminário em que, havia quase 35 anos, meu pai estudara. Essa cantilena durou, mais um menos,  uns dois meses.

        Nas férias, janeiro desse ano, eu estivera em São Paulo. Em meio aos conflitos, foi mais uma janela. Estive num acampamento onde trabalhei como equipante. Uma engenhosidade norte-americana: convidam jovens que prestem serviço grátis, proporcionando atividades paralelas de comunhão. 

      Lá havia, ao largo, uma estância, onde casais se hospedavam em bangalôs, também participando de uma programação de palestras, programações de lazer e cultos de consagração. Num desses, houve uma daquelas comoções emocionais, incluído o choro, os abraços, as confraternizações, enfim, algo muito efusivo e gostoso .

       Eu já havia passado por experiência semelhante, anos antes, talvez uns 5 anos antes, em Pedra de Guaratiba,  RJ. Era também um acampamento e, no culto final, após uma mensagem desafiadora e um típico apelo de consagração, muita gente foi à frente, aos prantos, abraçando-se, confraternizando-se, enfim, atendendo ao apelo do pregador e prometendo, a si mesmo e a Deus, mundos e fundos.

        Neste ano, na Estância Palavra da Vida, em Atibaia, SP, eu era menos adolescente. Lembro-me que houve momento em que me afastei do grupo, desloquei-me do auditório onde o pessoal ainda se abraçava, e caminhei por uma das saídas em direção à mureta de uma varanda. Dava vista para o vale, lá embaixo, onde estavam os chalés. 

       Ali agradeci a Deus tanta emoção, aquela sensação gostosa mas, ao mesmo tempo, pedi para não, naquele momento tão emotivo, e nunca eu me deixasse levar ou me enganasse com qualquer tipo de dedicação ou compromisso somente emocional com Deus. Certas atitudes assim servem como referência quando, mais adiante, a gente precisa conferir intenções. 

     Chegando ao Rio, no Betel, quem atendia aos seminaristas era o Pr. Amaury Jardim. Com ele eu havia me aconselhado. E decidira que, embora com apertos na PUC, não iria me abalar para um internato em São Paulo, o Instituto Bíblico Palavra da Vida, que a gente avistava a partir daquela varanda daquele culto à noite.

      Era nas dependências, nos quartos do IBPV onde a equipe de jovens da Estância pernoitavam. Daí, com toda essa influência emocional, era típico naquela época jovens optarem por essa internação. Mas eu queria pôr um freio em minha fantasia. Deduzi, então, que seria fuga ainda maior sair do Rio, com essa possibilidade, deixando o olho do furacão na PUC. Ou melhor, dentro de mim.

      O pastor sempre bom conselheiro, quando lhe expus as dúvidas, desde o travamento na universidade, passando pela compensação emocional possível de uma guinada para o seminário, concordou que era mesmo mais coerente juntar externato no Betel, como eu planejava, com a luta interna no desvão acadêmico em que a faculdade se tornara. Comecei no Betel.

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