sexta-feira, 22 de março de 2019

Os discípulos - 9

    Tomé
       
          Findou mais conhecido por sua exigência de prova, não só da ressurreição de Jesus, em si, mas saber se não havia fraude em relação ao principal portador da evidência, o próprio Jesus: "Se eu não tocar nas feridas, aqui e acolá, não acredito".

         Deu com os discípulos reunidos,  ainda amedrontados, pela morte de Jesus, porém já discutindo sobre as evidências das últimas horas, com respeito à ressurreição. E entra questionando  a autenticidade delas. Tornou-se símbolo do homem sem fé ou que reluta em crer.

          Havia faltado a reunião de véspera. Baita surpresa, então, foi Jesus aparecer, estabelecendo e reafirmando a clássica distinção entre crer e ver. Se avaliava vital, disse Jesus, poderia, sim, tocar nas chagas. Porém, "bem-aventurados os que não viram e creram".

         Tomé, o resmungão, envergonhou-se. Pragmático, já revelara, no grupo, sua suposta capacidade analítica ao ter avaliado certa vez, com exagero, que ele, Jesus e todo o grupo morreriam,  quando avisados da doença de Lázaro e consequente sugestão de retorno à Judeia. Para ele, atender  ao chamado seria total imprudência: "Vamos com ele (Jesus), para morrermos junto".


         Tão corriqueiro entre nós, flagrante capacidade de não enxergar, por olhos de fé, as oportunidades definidas por Jesus. Por elas se manifesta a glória de Deus, para quem não há impossíveis em todas as suas promessas. Fica a advertência, é claro, de não falsificá-las previamente. 

       Um discípulo deficiente na fé. Não que Jesus fosse confundido com uma fraude ambulante, bastante um toque, apenas, para dirimir dúvidas, de uma vez por todas. Acreditar na ressurreição é o fundamento da fé. Sem que, para tanto, seja necessário “ver para crer”. É testemunho de outra natureza, indicado em Atos como ato conjunto, ao mesmo tempo do Espírito Santo e nosso.


        A forma final do corpo ressurreto de Jesus ou o desenho das cicatrizes são o menos necessário, uma vez que tenha ressuscitado. Aleluia! Cumpriram-se as profecias, cumpriram-se as Escrituras e fiel é a palavra, que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, do qual eu sou o principal.

      Tomé identifica-se com todos os que, em seu próprio direito, por meio de um determinado método adotado, escolhem descrer. Trata-se de um legítimo dilema. De um lado, todas as possibilidades de descrença,  que são múltiplas. De outro, a única opção de fé.



        Prevalece a máxima de Jesus dita a Tomé: "Pelo menos,  para crer, desnecessário ver, desnecessário tocar, necessário ouvir”. De fato, Tomé, sem fé é impossível agradar a Deus. E a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus.

        Fica a pergunta, então:  Para crer, o que se torna necessário? A sugestão provocativa de Jesus a Tomé: “Toca e crê".  E a conclusão humilde e arrependida de Tomé, ao ouvir Jesus: "Senhor meu, Deus meu". Há uma só maneira de crer. Há infinitas possibilidades para não crer. Mesmo um homem como Tomé pode superar-se

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