segunda-feira, 11 de junho de 2018

5 ASPECTOS A DESTACAR

     Ensino Religioso e Intolerância Religiosa: como abordar em sala de aula e lidar com a intolerância religiosa, entre outras, no contexto social. Cinco aspectos a destacar:

1. O Ensino Religioso no Brasil, no século passado, tanto já apresentou feição obrigatoria, assim como, posteriormente, foi totalmente abolido das escolas. Hoje apresenta-se como disciplina de matrícula facultativa.

       O MEC, em 2018, promove a comparação entre as Orientações Curriculares, em cada Estado, e a Base Nacional Comum Curricular para todas as diciplinas do Ensino Básico. Mas não financiou a presença de redatores do Ensino Religioso em Brasília, o que revela posição dúbia em relação à importância dada ao Ensino Religioso.

         Por força de uma decisão do STF, essa disciplina assume um viés confessional, não se sabendo ainda, ao certo, o que isso significa, propriamente. O Acre pratica, dentro da flexibilidade prevista, um Ensino Religioso não confessional.

2. O Instituto Ecumênico Fé e Política e a intolerância religiosa

       Revela-se como um lugar e uma proposta de convivência entre as variadas confissões religiosas, sem preconceitos ou graus diferentes de valor.

       Mantém com as secretarias de educação, SEME, do Município, e SEE, do Estado, parceria, segundo é previsto na lei, como entidade civil em apoio às diretrizes do Ensino Religioso. Em 2011, editou a Cartilha "Muitos são os Caminhos de Deus" como referência na convivência harmoniosa entre diferentes crenças.

3. Uma palavra sobre intolerância

      Trata-se de um aprendizado constante. Pode manifestar-se independentemente do viés religioso, seja entre grupos de grandes religiões, como em grupos de religiões menores. Há, inclusive, a postura do não diálogo de algumas, que já predispõe à intolerância.

      O próprio Instituto se apresenta como uma instituição que rejeita e educa contra a intolerância. E o próprio Ministério Público, que aqui nos abriga, prima pelo direito igual de manifestação religiosa ou ideológica: não há de prevalecer a religião ou ideologia da maioria sobre a minoria e nem vice-versa.

4. Uma palavra sobre a Bíblia

    Como pastor protestante que sou, em nenhum momento fui obrigado, em minha convivência no Instituto, a abdicar de minhas convicções. Nem por isso me considero imune à intolerância. É um aprendizado constante, por isso que deve começar cedo na vida da criança, por meio de educação escolar. Este é um dos aspectos, entre vários outros, que destaca a relevância do Ensino Religioso.

     Muitas vezes a Bíblia, que é prioridade em minha confissão religiosa, é mal compreendida. Por exemplo, alguém discorda que o "Não matarás" é universal e válido ainda hoje? Mas já o "Não adulterarás" é ridicularizado. Mas não para mim. Então, há princípios bíblicos válidos universalmente e há outros parcialmente aceitos e outros, ainda, que já caducaram totalmente com o tempo. Uma leitura correta e metódica da Bíblia evita a intolerância, porque sua principal mensagem é o amor de Deus.
   
5. Sobre o "Estatuto da Família"

    Foi mencionado no Seminário a tentativa de um grupo entre os evangélicos de impor o Estatuto da Família à sociedade. Sou contra esta imposição, da mesma forma que me levanto contra, também, qualquer imposição. Como, por exemplo, as "cartilhas" do MEC que, dentro das escolas, pretendem impor a chamada "ideologia de gênero".

     Tal assunto precisa ser discutido de modo equilibrado, pois se constitui em convivência de diferentes, da mesma forma que convivência religiosa. A cosmovisão da heterossexualidade, bem como a da homossexualidade propõem visões de mundo e sociedade diferentes. Não pode haver imposição de parte a parte.

     E o Instituto Ecumênico Fé e Política, se deseja preservar sua postura centralizada de mediação, colocando-se equidistante, entre essas duas posturas, terá de ter o cuidado de não privilegiar nenhuma das duas posições: se vai denunciar a tentativa de imposição dos evangélicos, deverá também denunciar outras tentativas de imposição, sejam procedentes de outros quaisquer grupos, órgãos políticos, públicos ou governamentais.

      Porque posturas desse tipo é que contribuem para uma convivência em harmonia, tão própria do amor que, nesse referido Seminário, constituiu-se num tema insistentemente comentado. Pois é junto ao outro, respeitando, de parte a parte, as diferenças, que se torna possível e viável praticar e não somente se falar de amor, permanente aprendizado.

   

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