domingo, 3 de junho de 2018

IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL DE CASCADURA - HISTÓRIA 3


 
Olhares

Muitos olhares formam história. Por exemplo, o grupo do WhatsApp DuraCasca, criado em 16 de junho de 2016, reúne toda uma geração de cascadurenses, membros dessa igreja que surgiu em 28 de setembro de 1952, ali na Firmino Fragoso 26, em Madureira. Os olhares deles sobre a história dessa igreja formam, também, a história como um todo. Portanto, ainda como mergulho no tempo, seguem três outros olhares: uma narrativa de Lídia, aquela mesma, que aparece registrada na Ata nº 1 e que foi minha ovelha em Cascadura. Outra, ainda da irmã Arsylene, esposa do secretário dessa mesma Ata, numa das comemorações de aniversário e, ainda, uma descrição histórica do Primeiro Relatório apresentado na reunião nº 2, realizada na Firmino Fragoso, em 13 de junho de 1953. Com a palavra, a irmã Lídia:

Começa recordando-se do tempo em que, ainda menorzinha de idade, a família era da Fluminense. “Quando eu era menorzinha, nós éramos da Fluminense, nós íamos de bonde”. Moravam já na Suburbana. E então vieram, na época, para a Congregacional de Piedade, com o pastor Odilon de Oliveira. Léa e Lídia, cujos nomes constam na Ata Inaugural nº 1 da Congregação de Madureira, foram batizadas em Piedade na mesma ocasião, assim como Marília e Gilca, outros dois nomes dessa relação.

Lembra-se que foi um grupão a ser batizado. Léa confirma 12 anos de idade, sua irmã Lídia com 14 anos. Posteriormente, vieram para a Firmino Fragoso 26. A razão estava mesmo relacionada a uma questão conjugal, envolvendo o Rev. Odilon Oliveira, involuntário, em relação a ele, e o retorno do Rev. Salustiano Pereira Cesar, para que ocupasse seu lugar, o que gerou discordâncias entre os grupos a favor e contrários.
Léa, sim, a mesma que está na lista de fundadores da Ata nº 1, depõe que “Odilon era muito íntegro e o povo ficou com ele”. Lídia trabalhava, na época, num colégio chamado Marechal Hermes, no bairro de mesmo nome, próximo ao Campo dos Afonsos, antiga Base Aérea dos tempos de Rio de Janeiro Distrito Federal. Léa também se recorda de como surgiu a Congregacional de Rio Comprido. Seu pai, Nelson Celestino dos Santos, muito chegado ao Rev. Sinésio Lyra, ficou sabendo dos problemas enfrentados por esse pastor na Igreja Fluminense.

Como já sabemos, era ele que dirigia as reuniões na Congregação de Madureira, com o grupo de egressos da Congregacional de Piedade. As acomodações na casa da Av. Suburbana, em Cascadura, pertencente ao irmão Nelson Celestino dos Santos, pai de Lídia e Léa, não mais comportavam o grupo de irmãos de Piedade. Portanto, saíram à procura do novo local, que resultou nos cômodos alugados da Rua Firmino Fragoso 26. A liderança dessa urgente mudança e a localização do local tiveram a participação ativa de Amaury de Souza Jardim.

Saindo da Igreja Evangélica Fluminense, lembra-se Léa, Sinésio Lyra passou a frequentar a Paróquia Episcopal do Redentor, na Hadock Lobo. Seu pai passou a frequentar, também nos domingos à tarde, com toda a família, essa mesma igreja. Essa ligação entre os dois conterrâneos nordestinos permitiu que seguissem juntos e a família de Nelson acompanhasse a fundação da Igreja Bíblica Congregacional do Rio Comprido.

Voltando às reuniões do grupo de Piedade, na casa do irmão Nelson e sua esposa Maria da Glória, ocorriam às terças-feiras, assinala Lídia, regadas a cafezinhos e bolos feitos pela mãe delas, que muito apreciava esse bem servir. Chegou, pois, o tempo dos irmãos Nelson e Jeconias Celestino dos Santos combinarem, juntamente com o Amaury Jardim, que procurassem uma casa que melhor aconchegasse a todos. Desejavam em Cascadura, mas não do lado oposto ao da Av. Suburbana, por acharem muito ermo e deserto, porque preferiam onde se acumulava, na época, todo o comércio.

E olha que o romance que vai unir Lídia e Athayde tem lugar e começo nesse endereço da Firmino Fragoso. O casal será pai de Sergio Paulo, colega meu de travessuras na Mendes de Aguiar, onde passou a morar sua avó Maria da Glória, conhecida como Mariazinha, nos idos de 1965-1966. Ali nessa casa eu assisti, meio assustado, aos discursos do irmão Nelson sobre o Apocalipse, com seus mapas esquemáticos assombrosos, nas conversas com meu pai, Cid Gonçalves de Oliveira.

Uma vez encontrada a casa, conta Lídia, cada um levava de sua própria mobília e outros utensílios que a pudessem arrumar para receber o grupo de irmãos. Mariazinha, conta sua filha, levou uma cantoneira, típica da época, para colocar flores como decoração. Cadeiras, mesas, tudo que podiam levar contribuiu para montar uma linda igrejinha para essa efetiva mudança. E continua: “Começou o trabalho ali, muito lindo, animado, Mocidade: eu, Lourdes, Amaury, Henrique, Ari (irmão destes dois), Uyratan, Marilia (irmã deste), uma mocidade, sabe, Samuel, que sumiu do mapa... Foi crescendo, crescendo, Arsylene, o pai dela era de Piedade... Começou a mocidade no dia 9 de março” (de 1953?, logo saberemos, com a continuação desta história). Vejamos na próxima postagem o histórico da irmã Arsylene.

Relatório apresentado na Ata no. 2

“Congregação Evangélica de Madureira da Igreja Evangélica Fluminense. Histórico de suas atividades compreendidas entre os dias 11 de setembro de 1952 até o dia 13 de junho de 1953, quando se realiza a primeira reunião ordinária desta Congregação, na qual o presente histórico é apresentado. Caríssimos irmãos: Indicado que fomos pelo Presbítero Manoel Medeiros de Carvalho, com o apoio bondoso de todos vós que aqui estais, apresento-vos, hoje, nesta primeira reunião ordinária de nossa Congregação, o presente histórico de suas atividades. Urge, porém que nós frisemos, que estarão registradas, aqui, as mais importantes realizações de nossa Congregação, não nos sendo possível entrar em pormenores. É, finalmente, nosso objetivo deixar registrados alguns pontos marcantes dos nossos primeiros passos, afim (sic) de que, mais tarde, se o nosso Deus quiser, reunidos em Sua Santa igreja, por meio desses dados aqui colhidos e formados, verificarmos o quanto Deus ajuda àqueles que procuram trabalhar pela sua grande causa. Assim sendo, iniciemos dizendo algo sobre a origem de nossa organização. Viemos da Igreja Evangélica de Piedade. Em virtude de algumas divergências surgidas no seio da Igreja, alguns irmãos vinham se afastando, uns para outras Igrejas, outros, porém, sem nenhum destino. O irmão Amaury de Souza Jardim, numa visita que fez ao irmão Presbítero Manoel Medeiros de Carvalho, levantou a ideia de consultar a esses irmãos, cujo número já era grande, sobre a possibilidade de, em vez de se dispersarem, organizarem-se em Congregação num local que fosse equidistante para todos. O Presbítero Manoel Medeiros de Carvalho, concordando, sugeriu que, nesse caso, esta consulta fosse feita, imediatamente. Desta maneira, foram consultados os irmãos. Ficou estabelecido que todos se reuniriam, às quintas-feiras, às vinte horas, em casa do irmão Nelson Celestino dos Santos, na Avenida Suburbana 10.169, casa IV, em Cascadura. Numa dessas reuniões, uma das primeiras, ficou estabelecido que todos pediriam carta demissória para a Igreja Evangélica Fluminense. Foi, então, afirmado pelo pastor desta igreja, que seriam recebidos esses irmãos, sem nenhum impedimento, desde que fossem portadores de carta demissória. Deste modo, trinta e dois irmãos pediram demissória para a Igreja Evangélica Fluminense.”

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