sábado, 8 de outubro de 2016



           
            

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se veem.”                                                             (autor anônimo da carta aos Hebreus)

          Vamos discorrer sobre uma possibilidade, a de que, por meio da fé, sempre a fé, religião, ciência e a atual militância ateísta tenham um ponto comum de contato. E esse ponto de contato se expressa pela definição bíblica de fé que encima este texto: “certeza de coisas que se esperam e convicção de fatos que não se veem.”

          É reconhecido que a religião tem fé como fundamento. E que ela se expressa em acordo com a definição aqui transcrita. Vamos deixar para a parte final apreciação sobre ela. Porém, a ciência também se baseia, do mesmo modo, em “certeza” e “convicção”.

          A certeza da ciência provém de sua sistemática percepção da realidade, a qual será reproduzida, por método científico, em laboratório, repetida exaustivamente, até que se possa formular uma teoria. Esse é o caminho da busca científica por “certeza”.

         A convicção da ciência, razão pela qual ela é, nos dias atuais, mesmo que exageradamente, posta na condição de “última palavra”, a respeito da gama de fenômenos explorados pela pesquisa humana, essa convicção provém da exaustiva repetição dos fenômenos pesquisados e sua formulação em linguagem apropriada. Daí a consagração do que é científico e, até mesmo, seu uso tecnológico.

         Exemplificando, é fácil depreender que o voo dos aviões, aparelhos de alta tonelagem, muito mais pesados do que o ar e do que as aves, foram aperfeiçoados a partir da observação humana e seu desejo de alçar voo. Na falta de asas, seria por meio de um recurso idealizado e levado a efeito com ferramentas a seu alcance.

         A própria história da aviação demonstra que o homem foi bem sucedido. Também demonstra que foi a partir da observação do voo, anterior ao homem, observado em sua forma original, por meio das aves, que o homem foi instigado a imitá-las. Dá gosto constatar como a observação, o método científico, as pesquisas e o aperfeiçoamento geraram a capacidade e versatilidade das asas do avião, que imitam, na decolagem e na aterrissagem, as asas dos pássaros.

         Ora, aqui se aprende que muito (ou tudo) o que a ciência produz é aprendido ou imitado a partir do que está aí, como dado. Esse “estar aí” é a natureza, em sua complexidade. E quanto à origem desse caderno permanente de pesquisa para exploração científica, o que a ciência tem a dizer sobre sua origem? Ora, ela afirma ter “certeza de coisas que se esperam e convicção de fatos que não se veem”. Por que afirmamos isso?

         Exemplo prático dessa afirmativa, relacionada ao ponto de partida da própria ciência e sua razão de ser, que é a leitura do Universo, é a experiência do LHC, Large Hadron Collider, que é um acelerador de partículas, de bilhões de euros, que promete comprovar que a teoria do Big Bang é verdadeira. Trata-se de um túnel subterrâneo, de 27 m aproximados de diâmetro, construído a 100 m de profundidade nas cercanias de Genebra, na Suíça.

         Pretende provar que a teoria da colisão de partículas foi mesmo a que deu origem a tudo o que está aí. Pura certeza de coisas que se esperam e convicção de fatos que não se veem. Se afirmarmos que a existência de Deus depende de confirmação científica, provar que Ele não existe, da mesma forma, também depende de confirmação científica. Esta última afirmação coloca o ateísmo na total dependência do método científico.

          Assim como também podemos defini-lo como “certeza de coisas que se esperam” que, no caso dele, é confirmar, cientificamente, a não existência de Deus. E a convicção de fatos que não se veem, no caso, afirmar, peremptória e categoricamente, que Deus não existe. 

       Na verdade, ficou demonstrado como ciência, religião e ateísmo têm, em comum, a fé como pressuposto: “certeza de coisas que se esperam e convicção de fatos que não se vem.” Não falta aos dois companheiros da religião, em sua sistematização, dogmas e corpo doutrinário. Talvez, à ciência, falte militância e combate aos hereges. Só não vale virarem, os dois, religião. Mas que já vivem por fé, está comprovado que vivem.

         E o mesmo autor anônimo da epístola aos Hebreus afirma, logo a seguir que, "sem fé, é impossível agradar a Deus". Por extensão, fica comprovado que ciência, ateísmo e religião, vivendo por fé, agradam a Deus. Durma-se com um barulho desses.

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